PONTO DE VISTA
DIA DO TRABALHO: É HORA DE EVOLUIR OU REVOLVER?
Costumeiramente a chegada do mês de maio traz consigo a lembrança de um dos nossos maiores valores individuais e coletivos, o direito ao trabalho, assim visto como um meio (e, portanto, não tendo um fim em si mesmo...) através do qual garantimos nosso sustento, alcançamos nossa independência financeira e, enfim, exercermos nossa cidadania, com dignidade e satisfação.
Pelo menos, esse deveria ser o destino daqueles que fazem do trabalho seu meio de vida, infelizmente nem sempre confirmado na dicotomia entre o ideal e o real.
A luta secular, travada para garantia dos direitos básicos do trabalho, fez com que muitos tombassem no caminho, entregando suas próprias vidas em favor do progresso humanitário da sociedade. Os empoeirados livros de história estão repletos de episódios que bem retratam as biografias desses mártires, assim como as situações nas quais cada um deles viveu. Assim a humanidade evoluiu, ainda que a passos lentos, até o estágio atual que, se ainda não é o ideal, ao menos é muito melhor do que no passado.
Sendo o passado indubitavelmente inalterável, cumpre-nos então cuidar melhor do nosso presente, para que o futuro garanta a manutenção do processo de evolução. Visto assim, qualquer ensaio de mudança nas leis trabalhistas deve abster-se de pregar uma “revolução”, já que o termo representa revolver, ou seja, virar de novo, trazendo à luz o que já se encontrava enterrado. Tanto é dessa forma, que inclusive, a título de exemplo, existem diferenças operacionais entre a arma revólver (onde as balas, dispostas em um cilindro que se revolve sobre seu próprio eixo, são colocadas em posição de tiro) e a arma pistola (que, sendo mais efetiva e segura, faz um idêntico processo de posicionamento de balas contidas no cartucho, porém seguindo uma ordem evolutiva, de baixo para cima), demonstrando, por via de conclusão lógica, o quão perigoso é revolver a legislação trabalhista, trazendo mais uma vez à baila alguns dispositivos normativos, baseados em conceitos ultrapassados, sob o tênue argumento da flexibilidade do livre mercado, controlado ficticiamente pela regra da oferta e procura, com a mesma garantia de negociação que possui o pescoço contra a guilhotina... Até que provem o contrário, na área trabalhista, entendo melhor evoluir do que revolucionar!
É de se acreditar a esta altura, que o pensamento do(a) leitor(a) seja mais ou menos o seguinte: “E daí? O que tenho eu a ver com isso? Nunca somos ouvidos nessas horas...”, o que não deixa de ser verdade, mas apenas em parte.
Todos os trabalhadores, salvo raríssimas exceções, também são eleitores e, portanto, responsáveis por indicar seus representantes nos poderes executivo e legislativo das cidades onde moram, assim como ocorre nos respectivos Estados da Federação e ainda do próprio país! Em outras palavras, os trabalhadores têm o poder de eleger bons ou maus representantes, com diretos reflexos na edição, reforma e propositura de leis, que afetarão o destino de todos. Quando as escolhas recaem sobre candidatos mal intencionados (mormente aqueles que prometem mundos e fundos, inclusive alegando eventual mudança de comportamento para melhor, para logo em seguida sofrerem ataques de amnésia...) as vítimas desse ato impensado serão o próprio eleitor, sua família e a sociedade como um todo! Os maus políticos são comparáveis, guardadas as devidas proporções, a “revolução” das balas de revólveres, isto é, às vezes, quando “por baixo”, tentam seduzir o eleitorado com promessas e ar angelical; uma vez eleitos, novamente “por cima”, apontam seus projéteis na direção do povo que o elegeu, olvidando as propostas eleitorais feitas em campanha e optando pelo caminho da locupletação demoníaca.
Escolhas certas poderão significar a evolução da legislação, inclusive nos direitos trabalhistas. Escolhas erradas podem causar a estagnação da economia, o retrocesso nas relações trabalhistas e até crises sociais sem precedentes. Isso tudo está diretamente vinculado ao voto do trabalhador!
Meus caros amigos e minhas queridas amigas pensem bem na importância do voto de cada um de vocês. Está chegando a hora em que vocês serão ouvidos e, portanto, mister demonstrar aquilo que desejam para si, suas famílias e para a comunidade em que vivem. Uma boa estratégia é escolher representantes que vocês conheçam e que também os conheçam. Consultem a vida dos candidatos. Analisem o passado de cada um deles. Alguém já viu nascer abacate em um limoeiro??? Quem teria coragem de colocar dentro de casa uma onça, ainda que ela aparentemente fosse mansa??? As mesmas questões servem para nortear os votos, evitando a eleição de “lobos em pele de cordeiro”, prontos para seguir seus instintos selvagens, apesar das palavras dóceis que utilizam, pelo menos até conquistarem seus votos...
Que o DIA DO TRABALHO seja paulatinamente visto muito mais como o DIA DA CONSCIÊNCIA CIDADÃ, possibilitando que tenhamos, em um futuro próximo (assim DEUS permita), justos motivos para comemorá-lo, com maior entusiasmo e união, sabendo que participamos ativamente na consolidação dos nossos próprios direitos.
Parabéns trabalhadores e trabalhadoras!
TEXTO ROGÉRIO FARAH
IMAGEM GOOGLE
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